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Mercado Imobiliário

Oferta de apês em Cascavel saturou?

Saiba o que a imagem de uma profusão de torres espetadas no skyline não conta sobre a oferta e demanda por apês em Cascavel

Oferta de apês em Cascavel saturou?

Não é preciso empinar um drone sobre os céus de Cascavel como fez para a fotografia ao lado o repórter cinematográfico Manoel Teixeira, para perceber como a verticalização da cidade avançou.

O volume de obras é tamanho, que em alguns momentos a enorme frota das concreteiras de Cascavel não dá conta de atender todo mundo. Mas há um gap, uma lacuna a ser preenchida em algo que o senso comum pode enxergar como saturado.

Quem põe um olhar capaz de atravessar os paredões dos edifícios para enxergá-los por dentro são os especialistas em mercado imobiliário Hemerson Reis e Eduardo Serralheiro, o Passarinho. Segundo eles, produziu-se um intervalo, um delay entre oferta e demanda em setores bem específicos em 2025, com repercussões no próximo ano. 

“Com base nas entregas que estão sendo feitas neste ano, o cliente que vislumbra um apartamento de três quartos novo de até R$ 1 milhão total ou parcialmente financiado, terá algumas dificuldades”, explica Hemerson. É que a entrega de edifícios residenciais com esse perfil está escasso. Para o segundo semestre deste ano, a Saraiva de Rezende entrega o Francisco Renz, no centro, para um público de bolsos mais profundos, apês acima de R$ 1,5 milhão. As demais entregas, conforme se observa no portal das construtoras, estão concentradas de 2027 para frente, com muitas delas programadas para o final da década.

E não há solução simples para o gap. Não se constrói um prédio de apartamentos do dia para a noite, nem mesmo a fábrica de prédios do Chico Simeão foi capaz desse milagre até agora. “Edifícios lançados neste ano, de até 50 pavimentos, podem consumir entre 5 e 7 anos para ser entregues”, reforça Passarinho.

Algumas das torres programadas para entrega a curto ou média prazo estão vendidas, não irão ofertar unidades novas para um público que também é nichado. “ Cascavel recebe de 6 a 8 mil novos moradores por ano. Há segmentos de potenciais clientes do mercado imobiliário que não podem ser atendidos imediatamente”, afirma o especialista.

Hemerson alerta para outro fator a corrobar a escassez nesse perfil específico, do apê novo “acessível”: a taxa Selic. “A oferta de crédito está bastante restrita. Para financiar R$ 650 mil, precisa provar ganhos acima de R$ 20 mil mensais, já que o sistema financeiro restringe o comprometimento salarial a 30% dos ganhos”, diz.

Hemerson aponta oportunidades no mercado de locação, mas vê um entrave no segmento. “É da cultura de muitos cascavelenses ofertar seus imóveis sem mobiliá-los. Há muita procura por imóvel pronto para morar, e hoje o mercado não atende essa demanda plenamente”, disse.


PAINEL IMOBILIÁRIO

  • Embora pareça contraditório enxergar tantas obras e tanta publicidade de imóveis em Cascavel e perceber que há segmentos da demanda não atendidos, o debate está aberto ao contraditório.
  • E um espaço privilegiado para entender as complexidades desse mercado bilionário, desafiante e recheado de oportunidades, está no Painel Imobiliário que acontece no próximo dia 22.
  • “O Painel trará um estudo inédito, um raio-x do mercado com as tendências, lacunas, ofertas e demandas, um balizador imprescindível para entender em que momento estamos e para onde o vento sopra”, afirma Eduardo Passarinho.

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