O alçapão da Serpente
Projeto a ser apresentado ao prefeito Renato Silva rotaciona o campo do Olímpico, aproxima o torcedor do jogador e distancia infinitos boletos dos cofres públicos

Exatamente um ano atrás, em março de 2024, o Olímpico estava em “cartaz”. 250 metros de fios de cobre que alimentavam a iluminação das torres do estádio foram roubados pela enésima vez. O furto ameaçou a realização da partida entre Cascavel e Maringá, agendado para a noite da ocorrência.
Desde sempre o alarido que vem do estádio não é da celebração do gol, e sim de mais vandalismo, mais furto, mais despesas para os pagadores de impostos que abastecem os cofres da Prefeitura de Cascavel. No formato em que está, o estádio se transformou no legítimo elefante branco - com perdão à eventual ofensa ao paquiderme ariano.
A concessão do “elefante” e sua longa tromba para iniciativa privada voltou à pauta. A diretoria do FC Cascavel encomendou um estudo de revitalização para o projetista original do estádio, arquiteto Nilson Gomes Vieira. A principal mudança é a rotação do campo, de forma a trazer a torcida para mais perto do lance.
“Queremos que o torcedor sinta a energia e o calor das partida, que se emocione. Isso faz toda a diferença para quem assiste e para os atletas também. O estádio Olímpico põe a torcida muito longe do lance”, diz o presidente do FC Cascavel, Valdinei Antonio da Silva.
ARENA MULTIUSO
Antes porém de edificar o “alçapão da Serpente”, onde o cobrador de pênalti da equipe adversária treme ao ouvir o estridente guizo da cobra, será preciso convencer os gestores públicos dos benefícios de uma concessão.
O projeto elaborado por Nilson Gomes otimiza os espaços, cria ambientes para pontos comerciais, shows musicais, amplia a área de estacionamento, traz conforto e comodidade para os torcedores e o principal: elimina um custo fixo dos cofres públicos. Trata-se de uma arena multiuoso, compatível com o formato de praças esportivas contemporâneas.
SERPENTE PRONTA
A ideia a ser proposta ao prefeito Renato Silva é uma concessão pública de 30 anos aberta aos interessados e concorrentes. O FC Cascavel já decidiu que irá disputar o certame, caso o “elefante” seja ofertado à iniciativa privada. E irá executar o projeto com recursos próprios.
A Serpente tem credenciais para gerir o estádio que agora leva o nome do ex-prefeito Jacy Scanagatta: o FC Cascavel não tem um único boleto atrasado, ao contrário, tem créditos milionário a receber, zerou o passivo trabalhista e dívidas herdadas, avançou em tratativas de patrocínio com players nacionais, e ostenta um caixa robusto na casa dos milhões de reais.
E, antes de tudo, é o time da casa, do coração do torcedor cascavelense.
PITACO DO PITOCO
- Onde os hipertrofiados braços do poder público devem alcançar? Na vaga da creche, na unidade saúde, na segurança pública, ou no campo de futebol?
- Não se trata de um derby ideológico, na linha clássica “mais Estado x menos Estado”. Se trata de entender que o boleto pago no futebol poderia estar aplicado na imensa fila da cirurgia.
- O Olímpico não é um ativo público. Antes, é um passivo oneroso e ocioso, relegado às ninhadas de quero-queros e tungadas da máfia do fio de cobre, entre outros. Não é uma decisão difícil.
Renato vai “bater” o pênalti
- Aos 45 minutos do segundo tempo, quando a reportagem de capa já estava diagramada, o prefeito Renato Silva retornou o contato feito horas antes pelo Pitoco e emitiu um posicionamento sobre a concessão do Estádio Olímpico.
- Ele afirmou que o processo já está em andamento e que designou uma comissão para elaborar a modelagem da concessão do estádio para a iniciativa privada.
- O prefeito disse também que está fora das concessões o histórico “Ninho da Cobra”, estádio que abrigou o célebre time “meia taça” de 1980.
- O “Ninho”, vale lembrar, fez palco para afunilar o “vento de trevés” que encantou a bola naquele gol espírita do goleiro Zico. O local continuará designado para o esporte amador.
- Portanto, sim, o camisa 22 vai bater o pênalti.