Do Corcel à Ferrari
Rosani começou a Dinâmica RH “pilotando” um Ford Corcel. Mas Rosani não é Ford, é Ferrari. E nesse jogo de palavras é possível entender como ela levou a empresa de uma casinha de madeira locada para mercados de quatro Estados

A informação veio do nada, absolutamente inesperada. Os patrões londrinenses da jovem Rosani estavam de mudança para Brasília. E não mais tocariam a empresa de recrutamento de recursos humanos, cuja filial ela gerenciava em Marechal Rondon nos anos 1990.
- Fique com a empresa, se quiser use até o mesmo nome. Parcelamos, facilitamos a aquisição, disseram os patrões para a “alemoa” Rosani que traz sobrenome italiano: Ferrari.
Assustada com a proposta, a quase ex-gerente desencadeou duas ações simultâneas:
a) Pôr o seu Ford Corcel na estrada, visitar um a um a clientela para saber se prosseguiriam com ela na direção;
b) Pegar uns conselhos com dona Nilde, a mãe.
A primeira ação foi bem sucedida. “Todos os clientes, menos um, toparam prosseguir comigo”, relata Rosani. A segunda ação foi ainda mais inspiradora. Sentindo alguma insegurança na filha, dona Nilde lascou: “Você já faz tudo mesmo. Você sabe fazer. Vá em frente que lhe empresto um dinheirinho para começar. Mas devolva, viu? É só um empréstimo, tenho quatro filhos!”.
Difícil crer que, 30 anos depois, a menina que pilotava o Corcel e recebeu um empurrão da mãe emprega 1,5 mil pessoas em quatro Estados - Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, incluindo a capital da locomotiva econômica do Brasil.
TIA DO CAFEZINHO
Rosani Ferrari dirige a Dinâmica Merchandising, empresa que presta serviços à indústria em milhares de pontos de venda do varejo.
Provavelmente você conhece um dos colaboradores da Dinâmica. E já deve ter recebido um cafezinho de cortesia no supermercado, por ação de divulgação de produto de um deles.
O nome da empresária aparece também em outros CNPJs, como da T2D Investimentos, corporação que abriga alguns dos mais ousados empreendedores do mercado imobiliário, como Valdinei/Márcia Silva, Jorge/Erika Tasaki, e ele, Gilberto Lorenzi.
Quem é ele? Giba, como também é conhecido entre os inúmeros amigos, é o marido e sócio da Rosani.
No Pitocast, o podcast do Pitoco, a empresária revelou bem humorada como conheceu o futuro parceiro:
- Ainda em Rondon, o irmão do Gilberto me abordou. Perguntou se eu estava solteira. Então ele disse que tinha um mano gaúcho na mesma condição, e se eu aceitaria conhecê-lo. Perguntei ao futuro cunhado se o Gilberto era tão feio quanto ele. “É ajeitadinho”, limitou-se a responder, entrando na brincadeira.
“FEIO” DE BUSÃO
Daquela conversa despretensiosa e informal, em uma era analógica, desprovida de “zap- -zap”, Gilberto e Rosani começaram a flertar por telefone. Ele no interior do Rio Grande do Sul, ela na “Alemanha do Oeste”.
Até que um dia Giba tomou coragem, embarcou em um busão até a rodoviária de Cascavel. Rosani o aguardava lá. - Como não o conhecia nem por foto, perguntei: como você está vestido? Ele respondeu. Então desceram vários homens com roupas semelhantes ao descrito por ele. Pensei: quer ver só que vai ser o mais feio? Batata, era mesmo!, relatou ela entre gargalhadas.
DO CORCEL À FERRARI
Giba não se importa com as brincadeiras, até porque conhece bem o humor cáustico da parceira. Quando a prosa fica mais séria, ambos têm a mesma opinião sobre o que cada um representa na vida do outro: “Conhecê-lo foi a maior benção de minha vida”, diz Rosani, para em seguida ouvir o marido repetir frase semelhante para a amada.
Somando-se à equipe, Giba, dono de uma rede de contatos imensurável, teve papel determinante na expansão da Dinâmica em solo gaúcho.
Foi assim, cativando colaboradores, ouvindo a mãe e firmando as parceiras certas, que a dinâmica Rosani foi do Corcel à Ferrari em três décadas.