Mão esquerda do Welter na perna direita do Dilvo
Relação pragmática de lideranças do agro com representação parlamentar governista abre portas em Brasília e atropela dogmas ideológicos idiotizantes

A mão do deputado federal Elton Welter (PT de Toledo) na perna direita do Dilvo Grolli, que por sua vez toca o ombro do interlocutor, são gestos de comunicação não verbal que não devem ser traduzidos no sentido literal.
Não. Dilvo não vai votar no Welter para deputado federal em 2026. E não. O deputado petista não irá votar no mesmo presidenciável do Dilvo no próximo ano.
No entanto as profundas divergências ideológicas não impedem os fotografados de dialogar. Minutos antes dessa cena captada no Iphone do Pitoco, Dilvo havia recebido outro petista de alto coturno no Show Rural: Zeca Dirceu, o filho do “capitão do time”. “Nossa presença aqui é um gesto de respeito”, disse Zeca, político de portas escancaradas no Planalto.
O menino cabeludo do “Pedro Caroço” tem trânsito livre mesmo nos corredores mais estreitos e labirínticos de Brasília. Foi de lá que ele trouxe as licenças do Ibama, Ministério da Agricultura e Anvisa para autorizar a produção de bioinsumos na indústria da Coopavel. “Recebi a incumbência de acompanhar os trâmites de credenciamento da cooperativa, vencemos todas as etapas, tarefa cumprida. Assim a Coopavel baixa custos para seus associados com aumento de produtividade”, disse Zeca.
Já no calor da repercusão da visita do prefeito de Cascavel, Renato Silva, ao assentamento do MST, quando ele foi fotografado ao lado da turma do boné vermelho, o Pitoco lançou a seguinte pergunta para Zeca Dirceu:
Pitoco - Como é transitar nesse hostil segmento do agro aqui no Show Rural, em que a antipatia ao seu partido é indisfarçável e explícita?
Zeca Dirceu - Tenhos amigos na agricultura familiar e trabalho com eles. Tenhos amigos no MST e trabalho com eles. Tenho amigos no agronegócio e trabalho com eles. É papel da liderança política ter lado nas eleições, e todos sabem qual é o meu. Mas quando o eleito vai exercer o poder, não pode ter lado, pois do contrário prejudica o país. Eu estava ontem no assentamento do MST, celebrando 41 anos do movimento, que nasceu aqui em Cascavel. E hoje estou aqui no meio do agronegócio, não vejo incoerência nenhuma nisso.