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Biela, o demolidor 

Demolição do antigo Hospital Salete abre “avenida” para rua 24 horas, rede de supermercados e espigões na última grande área disponível no centro

O ano era 1993. Estreava na tela grande um filme que marcaria época: “O Demolidor”, estrelado pelo fortão Sylvester Stallone e seu par romântico, a bela Sandra Bullock.

A exemplo de alguns episódios de “Os Simpsons” e “Os Jetsons”, a película de ficção científica tinha o condão de antecipar acontecimentos e tecnologias que somente estariam disponíveis décadas depois, como ligações telefônicas de vídeo.

O demolidor de Cascavel também fez um vínculo do pretérito perfeito com o futuro do pretérito ao por ao chão uma das edificações mais antigas da cidade, que por décadas abrigou o Hospital Nossa Senhora da Salete.

Trata-se do engenheiro civil Robson Biela, da Future, empresa que fecha o ciclo da economia circular, ao demolir e dar destinação para os materias, alguns deles sensíveis, como o amianto, banido pela legislação por riscos à saúde

O prédio estava às moscas – e aos moradores de rua – desde meados de 2022, quando o espólio familiar do fundador do hospital, Edo Peixoto, despejou judicialmente os inquilinos.

A partir desse ponto, descortinava-se a maior área disponível no centro de Cascavel para o mercado imobiliário. Rapidamente, dois terços do terrenos foram comercializados. Um naco para a rede Irani de supermercados, a outra para a construtora JL em tratativas em espécie no primeiro caso, e pagas por metros quadrados construídos, no segundo. Somadas, as duas operações de aquisição de áreas chegam fácil a R$ 55 milhões.

Um terceiro lote, onde está a residência que por décadas abrigou a família dos Peixoto, está em tratativas. Pertence a um dos herdeiros do espólio, Evandro Peixoto. Ele reluta em negociar em permuta.

A área da mansão dos Peixoto permite possibilidades incríveis para um projeto corporativo. Em tese, é possível fazer ali a ligação da rua Pernambuco com a Carlos de Carvalho, estabelecendo ali uma rua 24 horas, ou algo semelhante, como atrativo para um edifício comercial. 

À parte de todas essas possibilidades, e sem dar pitacos a respeito, está o trabalho de demolição a cargo de Biela. Ele recebeu o Pitoco na manhã da última segunda-feira entre os escombros do que restou da hospital, cuja fachada “caiu” nesta semana. Acompanhe:

Pitoco – Qual foi o maior desafio no processo de demolição?

Robson Biela – É fazer todo o procedimento dentro do que a técnica e a legislação prescrevem. Tratamento e destinação de resíduos, tratar cada material com o devido critério técnico aplicado a cada um, e sem dúvida o grande volume de material.

Passe uma dimensão de volume.

São mais de 6 mil metros de área construída, mais de 7,5 mil metros cúbicos de resíduos. Estamos falando de mais de 700 caminhões de materiais removidos, incluindo contaminantes como amiante, gesso e lâ de vidro, que precisam ser segregados para caçambas especiais e destinadas para aterro industrial.

Era uma construção antiga, que remonta à virada dos anos 1950 para 1960, um hospital, sempre pode surgir alguma surpresa…

De fato, nas áreas mais antigas da edificação havia fissuras bem visíveis. Ao toque do equipamento de demolição veio tudo abaixo, deixando bem claro a fragilidade da estrutura. Era perigoso esse prédio permanecer em uso. 

Em que medida uma demolição bem feita pode alimentar a economia circular?

Além do descarte correto de contaminantes, é importante destacar o que pode ser reaproveitado. Concreto e cerâmica, por exemplo, vão para nossa unidade de reciclagem, onde são triturados, peneirados e se transformam em agregados reciclados, voltando ao mercado como areia, pedrisco e brita reciclados. O índice de reciclagem do material extraído do hospital vai chegar a 99,5%.

Quando o terreno estará totalmente limpo?

Recebemos 90 dias de prazo. Temos até 11 de fevereiro. Temos mais de 75% do cronograma vencidos. Vamos entregar na data contratada.

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