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Economia prateada reluz mais que ouro

O mercado prateado está em pleno crescimento. Estima-se que no Brasil já movimenta R$ 2 trilhões e no mundo são US$ 15 trilhões por ano; como ofertar produtos e serviços para a turminha dos cabelos prateados? 

O aumento da longevidade é uma grande conquista da sociedade, no entanto ela geralmente é vista de forma negativa pela sociedade onde se ressalta o etarismo, uma associação com declínios e fragilização. É certo que existem desafios e aqui fica um grande alerta para as políticas públicas. 

Mas, se prestarmos bem atenção os idosos já estão em toda parte, aprendendo, trabalhando, vivendo e consumindo e quando se fala em consumo podemos afirmar que os maduros estão gerando uma nova economia, a qual é designada “economia prateada”.

A prateada conhecida como economia da longevidade, é a soma de todas as atividades econômicas que atendem as necessidades de pessoas com mais de 60 anos, incluindo os produtos e serviços adquiridos e a adquirir. O mercado prateado está em pleno crescimento. Estima-se que no Brasil já movimenta R$ 2 trilhões e no mundo US$ 15 trilhões por ano. 

O QUE ELES QUEREM?

Mas afinal, o que os sêniores consomem? Segundo a pesquisa de orçamentos familiares do IBGE os itens de mais consumo pelos idosos são saúde/bem-estar, moradia, alimentação, transporte, investimentos financeiros, vestuário e calçados, educação e informação, hobbies, lazer e viagens e serviços de telefonia e internet.

Mas, se o setor é tão promissor por que ainda faltam produtos e serviços para atender a economia prateada? Para o especialista em pesquisas e demografia Alexandre Lima, apesar da relevância do segmento prateado, ele ainda parece invisível para o mercado e para a sociedade, por acreditarem que o Brasil continua sendo o ‘país jovem’. 

Uma pesquisa realizada recentemente no Brasil revelou que 50% dos idosos entrevistados acreditam que as empresas e marcas não olham para consumidores de sua idade e 87% gostariam de ser mais ouvidos pelas empresas, ou seja, os idosos estão sendo desprezados ou não ouvidos nas suas necessidades e desejos. 

CLIENTE DESCONFIADO

Uma outra falha nas prestações de serviços é que as universidades também não estão preparando os futuros profissionais para atendê-los, uma questão que vivo na prática, ao contratar profissionais para o residencial são raros o que apresentam formação gerontológica. 

É certo que a economia prateada não deixa dúvidas sobre seu potencial, porém para empresas e profissionais que querem atuar com este público é necessário ter clareza sobre alguns pontos. É fundamental conhecer e estudar sobre o público e suas especificidades, o idoso de ontem não será o mesmo de amanhã.

Outro ponto é que ninguém nasce, cresce e envelhece igual por isso é necessário entender as pluralidades das velhices existem diversos perfis de pessoas idosas, que vão circular ao mesmo tempo pela sociedade, mas que vão requerer demandas diferentes. Não atentar a isso pode ser um “tiro no pé” na hora de investir. 

Também é necessário ter equipe e atendimento que se diferencie – atendimento humanizado é essencial para os sêniores e por fim esse perfil consumidor costuma demorar a confiar. Alinhar os valores da sua empresa e serviços aos valores que são importantes para os protagonistas da economia prateada pode ser o caminho para a fidelização.

  • Hayde Fernandes é especialista em Gerontologia, proprietária do Residencial Sênior Bálsamo Gilead. Instagram: @haydegra