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Passageiro finito

No livro biográfico de Assis Gurgacz, passageiro da Eucatur é devorado por onça; era preciso contar a tragédia para a filha, que reagiu da forma absolutamente inusitada

Quase dez anos depois de sua primeira viagem a Rondônia, em 1981, o jornal "O Guaporé", ", de Porto Velho, noticiou a história do passageiro da União Cascavel devorado por uma onça. Dizia a manchete do jornal: "Onça devorou passageiro de um ônibus que viajava de Vilhena a Ouro Preto". 

"A polícia atribuiu a uma onça o desaparecimento de Herculano da Silva Silveira, natural da cidade de Três Barras do Paraná, de 52 anos de idade, que, ao se afastar do ônibus em que viajava desta cidade com destino a Ouro Preto, para satisfazer suas necessidades fisiológicas, por volta da meia noite de anteontem, não mais voltou ao veículo". (Porto Velho, 17 de janeiro de 1981).

Segundo relatos, Herculano pediu ao motorista para parar e desceu acompanhado de outro passageiro, Balduíno Ernesto. Os dois se afastaram cerca de 30 metros do veículo, ficando longe do campo de visão dos demais. Momentos depois ouviram um grande "esturro" e somente Balduíno voltou.

MANCHAS DE SANGUE

"Depois de esperar cerca de meia hora pelo regresso de Herculano da Silva, o motorista decidiu regressar a Vilhena, onde notificou a polícia acerca do ocorrido. Nas primeiras horas da manhã de ontem, à frente de vários policiais, o delegado Jackon Abílio compareceu ao local, mas apenas encontrou manchas de sangue no chão e grande quantidade de galhos quebrados. A área foi vasculhada num raio de 500 metros, mas nenhum sinal do corpo de Herculano da Silva pode ser encontrado".

Preocupado com a família, Assis Gurgacz, dono do ônibus, pediu ao irmão Airton, um de seus braços direitos em Rondônia, que procurasse os parentes de Herculano para prestar assistência. Meio sem jeito, Airton encontrou a filha, disse que estava ali em nome de Gurgacz, pediu desculpas pelo ocorrido e ofereceu ajuda. Para sua surpresa, a moça respondeu:

- Diga para o Assis que foi a melhor coisa que a onça podia ter feito!

Com isso, deram um ponto final na história. A lenda permanece viva.

 

  • Fonte: Assis Gurgacz – O Homem Infinito, biografado pela jornalista Rejane Martins Pires

 

 

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