Recentemente, foram publicados novos dados do Censo Demográfico de 2022, que trouxeram mais informações sobre o envelhecimento populacional no Brasil. Um dado que chamou muita atenção foi o número de idosos que vivem sozinhos no país. Atualmente, são 5.664.602 idosos nessa situação, representando 28,7% dos domicílios unipessoais.
Outro dado significativo é o cenário no Paraná, onde os idosos já correspondem a cerca de 12% da população. Até 2027, o impacto dessa transformação será ainda mais evidente, pois o número de pessoas idosas no estado ultrapassará o de crianças. Em outras palavras, teremos mais avós do que netos.
E o que essas informações nos mostram? Elas evidenciam que essa nova realidade exige repensar como cuidamos e nos organizamos para atender a essa população em crescimento, especialmente diante da redução de cuidadores disponíveis. O aumento de idosos que vivem sozinhos está relacionado a fatores como maior expectativa de vida, transformações nos arranjos familiares e a busca pela manutenção da independência.
Contudo, essa autonomia traz desafios: risco de isolamento, maior vulnerabilidade a acidentes domésticos e dificuldade de acesso a cuidados profissionais. A redução da força de trabalho jovem agrava o problema, criando uma lacuna no cuidado. Esse desequilíbrio evidencia a necessidade de buscar soluções inovadoras e integradas.
PLANEJAMENTO ANTECIPADO
A partir da nossa vivência aqui no Residencial, quero trazer um ponto para reflexão: o planejamento antecipado. É fundamental planejar a velhice, e, mais importante ainda, falar sobre o envelhecer com nossos familiares. Muitas famílias só percebem a seriedade do tema ao se depararem com um evento adverso relacionado aos seus idosos e, diante das decisões, sofrem por não saber o que fazer.
Se, por um lado, a família precisa incluir essa pauta e planejar aspectos como recursos financeiros, rede de apoio, estruturas adaptadas, dependência e necessidade de cuidado, por outro, a sociedade precisa se envolver nesse processo de envelhecimento populacional. É necessário criar serviços e produtos que ofereçam respostas às demandas específicas do público sênior.
O momento de agir é agora. O Brasil, com mais de 37 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, está no centro de uma transição que afetará todos os setores da sociedade. Antecipar-se às necessidades, com políticas públicas e iniciativas privadas, será essencial para garantir que o envelhecimento seja uma oportunidade, e não um desafio insuperável.
- Hayde Fernandes é especialista em Gerontologia, proprietária do Residencial Sênior Bálsamo Gilead. Instagram: @haydegra