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Avião, trem e caminhão 

Concessão dos modais aeroportuário, rodoviário e ferroviário afunilam no segundo semestre de 2024 com grandes impactos na logística oestina

O Oeste do Paraná, com epicentro em Cascavel, vive um momento crucial na logística, com impactos notáveis para as próximas décadas, para o bem ou para o mal.

Estão em processo de definição, simultaneamente, políticas públicas que determinarão o vencedor da licitação para o lote 6 das concessões com impacto direto na logistica regional por incluir duas das principais rodovias que cortam a região (BRs 163 e 277); a outorga do aeroporto de Cascavel para a Infraero (ou não) e a oferta da Ferroeste para a iniciativa privada. É pacote completo, avião, trem e caminhão.

Na véspera do feriado da Pátria, dia 6 de setembro último, a Agencia Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), publicou o edital de concessão dos lotes 3 e 6 das rodovias paranaenses. Para disputar o lote 6, com grande repercussão no Oeste e Sudoeste do Paraná, as empresas ou consórcios interessados em administrar os 646,3 quilômetros concedidos devem entregar os envelopes com propostas até o dia 9 de dezembro. E os concessionários precisam comprovar bolsos profundos: são R$ 20,2 bilhões de investimentos, vaporizados em 462 kms de duplicações, a maior parte concentrada na BR 277.

O aporte elevado, afunilado nos primeiros anos da concessão, como a duplicação da 277 entre Matelândia e Cascavel somado a outros fatores, trazem apreensão não só para os comissários de Brasília e do Palácio Iguaçu, como também para entidades que acompanham de perto o certame.

Em reunião convocada pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) com lideranças da região no último dia 30 de agosto, na sede do Sinduscon, apontou-se motivos para a preocupação.

Edson Vasconcelos, cascavelense que lidera a Fiep, teme que, extrapolando o chamado Anel de Integração ao se expandir para regiões menos dinâmicas economicamente e como menor fluxo, como o Sudoeste do Paraná e Guaíra, a concessão vai pressionar as tarifas para cima, já que as principais rodovias terão que “bancar” as áreas menos rentáveis.

Outra questão levantada está no nível de competição. Quanto mais disputa, em tese, menor tarifa. O histórico recente não é bom: O grupo paranaense J Malucelli acaba de vencer uma concessão rodoviária de baixa competição em Minas Gerais com desconto menor que 1% sobre o preço máximo estipulado para a tarifa.

SEDE ALVORADA

Não se discute mais: haverá cobrança de pedágio entre Cascavel e Toledo. O que as entidades ainda brigam para excluir é a praça física, estabelecendo o sistema free flow, tecnologia que permite efetuar a cobrança pela leitura de TAGs ou da placa, sem que os veículos precisem parar, e também o pagamento proporcional aos quilômetros utilizados da pista.

FERROVIA

O governador Ratinho Junior sancionou , no último dia 28, a lei que permite o início dos estudos da desestatização da Ferroeste. A empresa administra o trecho de 248 quilômetros entre Guarapuava e Cascavel.

Agora o Governo do Estado vai contratar um estudo para apontar a melhor modelagem do processo, que deve ser concretizado em um leilão na B3, em São Paulo. A ideia é que o negócio contemple um pacote de investimentos na ferrovia e no terminal da empresa em Cascavel, modernizando as estruturas já existentes. Esse mapeamento também vai apontar o valor da empresa e embasar as discussões que serão promovidas com o setor produtivo. Todo esse processo pode levar até 18 meses.

Um dos principais ativos da Ferroeste é a concessão da ferrovia entre Guarapuava e Dourados, no Mato Grosso do Sul, por mais cerca de 60 anos (a concessão de 90 anos do governo federal começou a valer em 1998). Esse período é prorrogável por mais 90 anos. O trecho Cascavel-Dourados nunca foi construído, mas o processo de desestatização vai deixar essa possibilidade para o novo controlador, na hipótese que haja interessados.

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