Renato, 28 anos depois…
Político avança para fechar o primeiro mês como prefeito de Cascavel, posição que – para ser alcançada – consumiu quase três décadas de percalços, saliva e sola de sapato
Uma viagem aos arquivos do Pitoco traz devidamente registrada a primeira vez que Renato Silva manifestou o desejo de se tornar prefeito de Cascavel. A edição do jornal circulou no dia 28 de fevereiro de 1997, dois dias após o empresário completar 46 anos de idade.
A notinha telegráfica, de poucas linhas, veiculada na seção “Mídia”, trazia o seguinte texto: “O empresário Renato Silva, proprietário da rádio Colméia, já está trabalhando de mangas arregaçadas para ser o candidato a prefeito de Cascavel no ano 2000 pelo PMDB”. Era um bom momento para Renato. Ele recebera a maior votação da cidade em 1998 para deputado federal e chegou a assumir uma cadeira no Congresso Nacional a partir da condição de suplente.
Mas 2000, o ano que antecedia a virada de milênio, teria uma eleição atípica, plebiscitária, com apenas dois candidatos no páreo: Edgar Bueno e Thiago de Amorim Novaes - político controverso que surgiu crivado de balas, um ano após o pleito, em frente ao prédio que morava, na rua Mato Grosso.
BUG DO MILÊNIO
Renato sobreviveu politicamente, embora rifado em 2000. Na eleição seguinte, em 2004, o nome dele aparecia na cédula majoritária pela vez primeira. Tudo indicava que aquela eleição polarizaria entre ele e o candidato à reeleição, Edgar Bueno. Aí surgiu tardiamente o “bug do milênio”, fenômeno anteriormente previsto para a virada de 2000 para 2001: o “furacão Lísias”, como manchetou o Pitoco na ocasião, arrastou todo mundo.
Detalhe curioso do pleito de 2004: Leonaldo Paranhos, maldosamente tratado na época como “Pangaré”, ficou na “lanterna” da disputa para prefeito, com apenas 4,8% dos votos. Foi como uma surra de toalha molhada. Nada como um dia depois do outro, com uma noite de lua cheia no meio.
PITACO DO PITOCO
A parte mais contemporânea da história política cascavelense é de domínio público, dispensa prescrutar o baú do Pitoco para descrevê-la. Entretanto é possível resumi-la em um parágrafo: os derrotados de 2004, Paranhos da Silva e Renato Silva compuseram dobradinhas vitoriosas em 2020 e 2024.
Quase três décadas depois daquela notinha despretensiosa no jornal, a dupla Silva & Silva quebrou a “maldição do vice”, já que, em toda a história do município, jamais um alcaide pôs pela força das urnas seu vice na cadeira de prefeito.
Resta saber até onde vai a composição Silva & Silva. Prefeito e vice eleitos em 2000, Edgar e Paranhos, tornaram-se inimigos figadais exatamente porque tinham confluência de pensamento: chefiar o Executivo de Cascavel. Se em 2028 Renato e Paranhos confluírem na mesma intenção, será exposta à prova de fogo a aliança que vaporizou a maldição do vice.